Asas foram concedidas por Deus para que os seres que as possuem voem para a liberdade. As minhas asas foram concedidas pela magnitude esplêndida da literatura, em busca da supra realidade. -Karina L.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sorte (ASSALTO) - RELEXÕES

Demais contemplaria se a sorte estivesse ao meu lado. Logicamente tenho que agradecer todas as coisas boas que vêm acontecendo em minha vida. Estou viva! Respiro!
Claro que se amanhã eu descobrisse uma fortuna em minha conta bancária, evidentemente seria um desastre. O que para muitos representaria sorte, para mim seria sinônimo de azar (isola!).Se eu, pobre trabalhadora, já sou alvo de pessoas malévolas e insolentes que tarde não cansam de ganhar coisas ao meu suor, imaginem se eu impetrasse uma fortuna “A La Paris Hilton”!Ter sorte seria muito cômodo nessas horas. Sim, pois em toda a minha longa vida eu tive a sorte grande de ser roubada, assaltada por três miseras vezes. Inferno!
Isso me deprime.
Por que nesses momentos a tal sorte de repente não se transforma em véu e me isola desses mal-intencionados olhares impiedosos?
Estou cansada.
Se ter sorte significa nunca mais ver qualquer filho da puta arrancar de mim minhas conquistas sacrificantes, por favor, me doem mil litros, pois estou precisando.
Nessas horas torturantes em meio à voz de assalto, eu gostaria de ser altruísta para no mínimo trocar a maior ideia com o miserável, provar para o ordinário que eu sou tão pobre quanto ele. Seria até mesmo condescendente e lhe ofereceria um emprego.
Emprego? Para quê? É mais fácil roubar otária. Você trabalha e quem lucra sou eu!Francamente!
Pior ainda é o pós-assalto. Em minha cabeça, super, hiper, mega esdrúxula estacionam-se mil pensamentos do tipo: Ah se eu tivesse poderes!
Se eu tivesse poderes telepáticos, sem sombra de dúvida, só com a força do olhar, torceria o pescoço do infeliz até que ele passasse por todas as cores secundárias. Se ao menos eu fosse vampira! Incrível como Stephenie Meyer pulsa em minha mente nessas horas! Se pelo menos minha vida fosse de sua autoria, sem sombras de dúvidas eu seria uma vampira demasiadamente sanguinária, não pararia até drenar todo o sangue do ladrãozinho.
Entretanto...
Acordo e lá estou eu, na rua, indefesa, morrendo de medo e chorando.
Cadê meu pai? Oh tendência humilhante!
Agora pensem comigo, seria mais fácil se tivéssemos super poderes!
Eu endossaria se pudesse fazer a própria justiça, pelo menos tentaria proteger quem estivesse ao meu alcance. Chega de violência, chega de vandalismo.
Muitos se engasgam com escárnio ao pensar nessas literaturas consideradas fúteis e evasivas. Não para mim! Talvez haja maiores possibilidades de eu ver um Edward nos salvando de delinquentes do que ver nossa vida social, política, tipicamente humana se sobressaindo rumo à felicidade unanime idealista.

 
©2007 '' Por Elke di Barros