Chegara à porta da pré-escola trajando shortinho e tênis vermelho com os
cabelos enfeitados de maria-chiquinha. Sentia o cheiro da mochila nova misturada
ao aroma da pasta de dente.
A mão quente e grande do papa soltara-se da pele morena, deixando os
laços dos dedos minúsculos e frios.
Com apenas seis anos fora obrigada a experimentar o medo da separação do
colo paterno.
A espera na porta da escolinha parecia uma eternidade, um verdadeiro martírio.
Não sabia o que lhe apavorava mais, se as horas que se aproximavam para o
adeus, ou se os olhares de todos os meninos cabisbaixos que se espremiam em
torno dos braços dos adultos ameaçando a chorar.
Esse foi o primeiro contato com a
escola, em que o colorido mundo mágico estampado nas lancheiras não foi o
suficiente para espantar o medo que tingia todo ambiente de cinza.